Qual foi a causa do óbito de Juliana Marins: médico revela que jovem tev…Ver Mais

A jovem Juliana Marins, de apenas 26 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira, 24, após quatro dias perdida em um vulcão do Monte Rinjani, na Indonésia. A brasileira sofreu a queda no último sábado, 21, e teve seu resgate atrasado diversas vezes devido às péssimas condições climáticas e o difícil acesso da área. A família noticiou que a publicitária não resistiu, mas ainda não divulgaram qual foi o motivo oficial da morte.
Causa da morte de Juliana Marins pode ter sido provocada pela fome, pela desidratação, pelo frio e pela pressão; veja analise do médico Dr. Wandyk Allson
Foto: Mais Novela
Qual foi a possível causa de morte?
Em conversa com o MAIS NOVELA, o médico integrativo pós-graduado em metabologia, endocrinologia, fisiologia e nutrição clínica Dr Wandyk Allson analisou algumas possibilidades do óbito. Segundo ele, a morte de Juliana foi o resultado de alguns fatores letais:
“A exposição por quatro dias sem comida, sem água, em temperatura extrema e baixa oferta de oxigênio foi um cenário de múltiplas agressões fisiológicas que o corpo humano dificilmente consegue suportar”, explicou o especialista.
Privação de água
De acordo com Allson, a falta de água em ambiente de alta altitude e frio leva o organismo a um colapso progressivo do equilíbrio hidreletrolítico. Ele explica que a primeira consequência é a redução do volume plasmático: “O sangue fica mais viscoso,
dificultando a circulação e aumentando o risco de hipotensão”. Depois, ela pode ter sofrido com o aumento da osmolaridade sérica: “O sódio fica mais concentrado no sangue (hipernatremia), levando à desidratação intracelular (as células encolhem, inclusive as do cérebro)”.
O corpo de Juliana ainda pode ter liberado mais hormônios de estresse para se manter hidratado: “O corpo aumenta a
secreção de vasopressina (ADH) para tentar reter o máximo de água possível nos rins, diminuindo o volume de urina (oligúria)”. Isso, por sua vez, aumento o risco de insuficiência renal: “A falta de perfusão nos rins, combinada à rabdomiólise, aumenta o risco de
necrose tubular aguda”.
Privação de comida
O médico explica que a falta de comida leva a falta de energia, o que leva o organismo a um estado de catabolismo extremo: “Sem ingestão de carboidratos, o corpo entra em estado de jejum prolongado, forçando adaptações metabólicas para gerar energia”.
Nas primeiras horas de jejum, o organismo enfrenta uma glicogenólise, isso é, o corpo usa o glicogênio armazenado no fígado e músculos para manter a glicemia. Após as primeiras 24h, o corpo entra em processo de gliconeogênese: “O fígado tenta produzir glicose a partir de
aminoácidos (quebra muscular) e glicerol (quebra de gordura)”.
No segundo dia, Juliana pode ter entrado em etapa de lipólise e produção de corpos cetônicos: “O corpo começa a
oxidar gordura e aumentar a produção de corpos cetônicos (principal combustível para o cérebro neste estado)”. Nesse ponto, a publicitária já teria perdido peso e seu corpo estaria acelerando o catabolismo muscular entrado: “Sem comida, o corpo começa a degradar proteínas musculares (inclusive o músculo cardíaco) para gerar energia, levando à perda de massa muscular e risco de rabdomiólise”.
O último estado é a da hipoglicemia, onde a vítima pode desmaiar, ficar inconsciente e até mesmo entrar em coma: “Se a demanda energética superar a capacidade de produção de glicose e corpos cetônicos, há queda severa de glicose no sangue, causando confusão mental, convulsões e até coma”.
Exposição ao frio
A hipotermia também pode ter abaixado a temperatura corporal da brasileira, levando à sua morte. Allson lista as fases da hipotermia:
Hipóxia por altitude
O Monte Rinjani, que tem 3.726 metros de altitude, apresenta uma pressão menor do que ao nível do mar, podendo gerar baixa oxigenação àqueles que querem trilhar até o cume, como foi o caso de Juliana. Segundo o médico, a altura do monte diminui a oferta de oxigênio para os tecidos, causando hipóxia hipóxica.
Respostas fisiológicas:
Hiperventilação: Para tentar captar mais oxigênio, gerando alcalose respiratória.
Aumento de eritropoietina (EPO): O corpo tenta produzir mais glóbulos vermelhos, mas esse processo leva dias (não conseguiria ser efetivo em apenas 4 dias).
Vasoconstrição pulmonar hipóxica: Pode levar a sobrecarga cardíaca direita e edema pulmonar de alta altitude (HAPE), causando falta de ar súbita.
Risco de rabdomiólise e falência multiorgânica
O conjunto de todos os fatores citados acima podem ter levado Juliana a rabdomiólise: “A degradação muscular por esforço, frio, jejum e desidratação libera mioglobina, que intoxica os rins”. A brasileira, então, pode ter apresentado insuficiência renal aguda: “Pelo bloqueio tubular causado por mioglobina e hipoperfusão”. E, posteriormente, tido uma falência múltipla de órgãos: “É o resultado final da combinação de hipoperfusão, acidose, distúrbios eletrolíticos e dano renal”.